Trapaça (American Hustle) é uma das produções mais poderosas de 2014, o filme vem ganhando destaque principalmente pelos prêmios que venceu e as indicações no Oscar, ao total foram 10, competindo lado a lado com Gravidade, de Alfonso Cuarón.

É claro que todo esse burburinho não foi à toa, a produção tem uma pegada totalmente fantástica. E não foi só isso, o longa-metragem é um blockbuster inteligente e tem no elenco grandes atores de Hollywood!
O diretor David O. Russel ressurgiu depois de muito tempo fora do mercado cinematográfico, agora voltando com toda força. As três últimas produções, O Vencedor, O Lado Bom da Vida e Trapaça, podem provar isso!
A trama conta a história do vigarista Irving Rosenfeld (Christian Bale), um golpista de primeira que faz tudo para continuar sobrevivendo, ao lado de sua parceira Sydney Prosser (Amy Adams). Em um de seus golpes ele acaba sendo pego pelo agente do FBI Richie DiMaso (Bradley Cooper), e é forçado a fazer mais golpes para pegar os “verdadeiros bandidos”.
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Claro que isso não acaba bem, Rosenfeld pisa nos calos de mafiosos, e assim precisa criar o melhor golpe de toda a sua vida, para sair livre do lado dos bandidos, e da polícia.
É com o roteiro magnífico de David O. Russel e Eric Warren Singer que a produção consegue cativar todos os tipos de público. É incrível como eles conseguiram fazer um argumento linear, e mesmo assim extremamente empolgante, com toques que obviamente foram inspirados nas produções de Martin Scorsese.
O filme é ambientado na década de 70, e sem dúvida é o longa mais bem sucedido dos últimos tempos nesse quesito. A sutileza, misturada com a óbvia “sujeira” dessa época é incrível, Russel consegue te transportar para o passado de uma forma incrível… Ao nossos olhos tudo pode parecer bem caricato, mas o diretor tratou a caracterização com simplicidade e ambição.
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Obviamente a trilha sonora é um dos pontos mais sensacionais da produção, com diversas músicas conhecidas e símbolos daquela era incrível, ela foi a principal responsável por nos levar diretamente para 1970.
Apesar de tudo, o sucesso do filme veio principalmente pela escolha do elenco, cada um dos atores foi responsável por essa explosão de prêmios.
Christian Bale dessa vez conseguiu se superar, sem dúvida é sua melhor atuação desde Psicopata Americano (American Psycho, 2000). Amy Adams mais uma vez é a perfeita indicada para o Oscar… Sem falar da queridíssima Jennifer Lawrence, que consegue trazer uma sensação de raiva, nojo e amor, com sua incrível atuação.
Mais uma vez Robert De Niro vive um mafioso, mesmo com uma pequena participação seu personagem mostra a importância e incrível coerência do roteiro, ligando todos os pontos. É claro que David O. Russel usou mais uma pitadinha de Martin Scorsese ao chamar De Niro, e com certeza essa foi a forma do diretor expressar seu “lado fã”.
Jeremy Renner vive Carmine Polito, um político que faz tudo para ajudar sua comunidade, o ator consegue mais uma vez se superar e mostra tudo que não pode apresentar em Os Vingadores. O comediante Louis C.K. também está no longa, mas poderia ser trocado por qualquer outro ator.
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Ao contrário do que muitos pensam, Russel está longe de fazer algo parecido com as produções de Scorsese, o foco do diretor são nos personagens, mostrar os conflitos internos entre eles, com a história como plano de fundo. Já é possível ver isso em seus últimos dois longas.
Deveria haver um prêmio pelas perucas e estilos capilares, cada cabelo mais diferente que o outro! O prêmio principal, claro que iria para Christian Bale e seu personagem Irving Rosenfeld, que tenta esconder sua careca de qualquer jeito. Além disso, Bale merece parabéns por engordar tanto!
A edição do filme faz com que ele se torne ainda mais atraente, com cenas rápidas e jogos de câmera divertidos. Mesmo assim, o foco nos diálogos é algo muito bem feito, as vezes arrastado, mas em sua maioria relevante – ainda mais porque o diretor deixou claro que a comédia é algo que não poderia faltar na produção.
Trapaça é um longa-metragem incrível, muito pretensioso e mesmo assim com ótima fluidez. Não há o que comparar, mas os amantes de Scorcese se sentirão ofendidos, sem motivo nenhum, já que o filme tem uma pegada totalmente diferente, com apenas alguns pontos chaves que lembram as manias do diretor de Os Bons Companheiros (Goodfellas, 1990).