X 1999 – A épica batalha pelo fim do mundo se inicia!

O grupo Clamp é formado por quatro garotas que realmente sabem mexer com o leitor. Dos de premissas mais simples aos mais complexos, o grupo sempre ousa com polêmica, temas fortes deixando o leitor pensativo.
X, para mim, é um dos mangás mais perfeitos que existem, sendo esse meu favorito e que eu considero, a todos que curtem uma boa leitura de mangá de verdade, uma leitura obrigatória.
O tema apocalíptico é repleto de cenas fortes, uma arte belissima de Mokona e uma história realmente intrigante que lhe faz viajar pelos diálogos bem escritos garantidos por Nanasa Ohkawa.
 [É impossível essa matéria sem spoilers, pessoal! Começa aqui]
É 1999, Shirou Kamui é um adolescente de 16 anos que retorna a Tóquio, sua cidade natal, depois de ter sido levado pela sua mãe para fora 6 anos atrás, afastando-lhe de seus dois únicos queridos amigos, os irmãos da família que mantêm um templo xintoísta Monou, Fuuma e Kotori.
O retorno de Kamui, como tudo neste mangá, é predestinado.

Os protagonistas, Fuuma Monou e Kamui Shirou

Kamui volta à capital do Japão porque lá é o cenário do fim do mundo.
Logo ele é convocado por dois dos Ten no Ryuu, os Dragões do Céu, literalmente traduzido, Arashi e Sorata, que o conduzem ao Palácio da Dieta, o ponto central da política do Japão. Lá, ele conhece a yumemi (visionária dos sonhos) Hinoto, que explica que o destino da Terra está nas mãos do jovem e ele tem que decidir se quer proteger o presente ou escolher o futuro sobre a destruição do presente. Salvar ou destruir a Terra está nas mãos de Kamui. Os Dragões do Céu e da Terra estão predestinados a batalhar pelo futuro do mundo e o jovem precisa escolher de que lado irá ficar. Hinoto assim, pede que Kamui se alie aos Dragões do Céu e salve a humanidade.
Confuso, Kamui se nega a ajudá-la.
O protagonista nos primeiros capítulos demonstra ter uma rebeldia forte que mais para frente é explicada.
Tudo acontece quando ele retorna à escola onde encontra a meiga e frágil Kotori, amiga de infância e irmã de Fuuma, também amigo de infância de Kamui. O jovem renega os amigos e pede que ambos se afastem dele.
Porém, fica impossível Kamui viver uma vida tranquila, já que os sete anjos, os Chii no Ryuu (Dragões da Terra), que são a contra-parte dos sete selos que desejam que Kamui salve a Terra, seguem com ataques massivos às Kekkais (barreiras de proteção) do Japão.

Os Dragões do Céu, os sete selos que protegem a Terra

Quando as sete barreiras que protegem o Japão, e que são os pilares da Terra, ruirem, o mundo chegará ao fim. As Kekkais são lugares reais de Tóquio, como a Rainbow Bridge e o cenário final da batalha, a Torre de Tóquio.
Envolvido novamente com seus amigos e após a apaixoanda Kotori começar a manifestar seus poderes como yumemi (visionária dos sonhos) e ver dois Kamuis, um com asas de anjo e outro com asas negras, Kamui decide proteger seus amigos, alegando que não quer mais perder ninguém como aconteceu com sua mãe.
Ele não sabia que essa era a decisão que seu coração tinha que tomar para assumir sua posição como o Kamui dos Ten no Ryuu, aquele que decidiu PROTEGER. Sendo assim, sua contra-parte, o Kamui dos Chii no Ryuu, também assumirá a sua posição. E nesse exato momento, seu melhor amigo, Fuuma, que é a ‘estrela-gêmea’ de Kamui, tem uma mudança de personalidade, assumindo a liderança dos Chii no Ryuu.
Fuuma, que agora responde como Kamui, assassina impiedosamente sua própria irmã, Kotori, degolando-a com a Shinken, a Espada Divina que a mãe de Kamui pariu – é isso mesmo que vocês leram, ela pariu a espada e esse foi o sacrifício que tirou sua vida.

A Torre de Tóquio destruida abraçada pelas mães de Kamui e Fuuma

A partir daí, os Dragões da Terra e do Céu têm seus líderes definidos e Kamui precisa decidir qual seu verdadeiro desejo: proteger Fuuma e deixá-lo destruir o mundo ou matar seu melhor amigo e salvar o mundo.
O mangá é publicado desde 1992 pela Kadokawa Shoten e se encontra em hiatus desde 2002, quando uma onda de terremotos e tragédias naturais começaram a afetar o Japão. E sendo esse tema muito recorrente – sendo as tragédias provocadas pela quebra das barreiras que protegem o país – o governo do Japão proibiu as garotas de prosseguirem com o mangá daquela maneira, tendo elas que abrandar mais a história. O grupo não se conformou e não cogitou mudar o que tem em mente para o desfecho da série, já que faltam apenas 3 volumes para o final da série.
Cada capa do manga é um dos arcanos maiores do Tarot, que no total são 22, assim como cada personagem representa uma delas como os lugares-chave do mangá como A Torre que representa a Torre de Tóquio, A Roda do Destino (que é representada por Kakkyo, o yumemi dos Chii no Ryuu), O Enforcado que é representado por Sumeragi Subaru, personagem de Tokyo Babylon, sendo X uma sequência direta da história que envolve o assassino Sakurazuka Seishiro que é um dos Dragões da Terra e no mangá anterior assassina a irmã gêmea de Subaru, Hokuto), etc.
Publicado no Brasil pela Editora JBC desde 2003, sendo o primeiro mangá do Brasil a ser publicado em formato tankobon (completo), X teve um sucesso grandioso no país, atraindo muitos fãs do grupo e até mesmo pessoas que não se interessavam pelo tal.

Capa do primeiro volume japonês de X, a contra-capa sempre estampa um personagem ou local importante no mangá.

Um anime de X chegou a ser produzido em 2001, porém o mesmo não segue quase nada da história original. Apenas até um ponto, tendo chegado a um final ‘inventado’ pela produção, assim como o filme que foi feito em 1996. X/1999 tem a belíssima música do X-Japan, Forever Love, como encerramento. É ótimo para chorar litros e se emocionar, seguindo bem o mangá, apesar do final igualmente ‘inventado’.
Uma curiosidade é que o sétimo Dragão da Terra, Kuzuki Kakkyo, não havia aparecido ainda no mangá e os produtores decidiram criar o tal personagem que não tem nem 5 minutos de screentime. Com uma animação belíssima, o filme ousa e cria um final que eu considero chocante.
Se você gosta de mangás polêmicos, apocalípticos e que lhe prendam, além de ter uma arte belíssima, curtam X que até agora são 19 volumes de pura ação e um desenvolvimento surreal que nunca vi em outro mangá. E desconsiderando o que muitos falam, X não é um shoujo ou boys love. Muito longe disso. X é um gekigá, quer dizer, um anime que retrata uma situação apocalíptica, como Akira. E é considerado seinen, para maiores de 16.
Uma outra curiosidade é que muitos personagens são baseados no staff do manga. Seiichiro Aoki, um dos Dragões do Céu, é o nome do editor da Kadokawa Shoten e, adivinhem, no mangá ele também é um famoso editor de mangás. Yuuzuriha Nekoi é uma das integrantes do Clamp. Keisuke, estudante da Clamp Campus (escola que possui integrantes que vem do manga Clamp Campus Detectives) também é um dos responsáveis pela Kadokawa.

X é uma obra que vale a pena ser conferida!

Apesar de todo o clima tenso, X consegue divertir com piadas certas em momentos certos. Com uma carga pesada de drama, considero X uma verdadeira obra prima dos mangas. De beleza e história surpreendentes, o mangá te prende por horas, deixa-lhe pensativo a ponto da sua leitura não acabar quando você fecha na última página. É apenas o começo.

Fonte: http://nosgeeks.com.br/x-1999-a-epica-batalha-pelo-fim-do-mundo-se-inicia/