
O filme “TRON: o Legado”, que estreou em 2010, foi uma verdadeira
revolução visual para o cinema. O estilo das roupas e do mundo que
ambienta a produção em geral (a Grade) é referência até hoje e dá o tema
para diversos objetos de colecionadores e muitos outros.
Para esclarecer melhor como foi a trajetória dos criadores dos efeitos holográficos do filme, o Inventing Interactive
conversou com o líder da equipe que fez a sua cabeça explodir no cinema
há dois anos, Bradley Munkowitz. O artista fala sobre o filme e como
encarou as tarefas quase impossíveis.
Munkowitz, mais conhecido como GMUNK, entrou na empreitada da criação
das animações holográficas de TRON através de seu amigo e diretor da
obra, Joe Kosinski. Os dois já tinham trabalhado em um comercial criando
uma interface de um programa fictício.
Depois de algum tempo, veio a surpresa: “Um ano depois do comercial,
ele me leva até o estúdio e mostra um clipe que eu nunca vou esquecer.
Chamava-se ‘hologram_REF.mov’ e era uma prévia de todas as sequências de
hologramas que teríamos que criar”, relata.

Os oito minutos de vídeo deixaram o artista bastante impressionado e
meio sem saber o que fazer ou como começar. “Nós vamos precisar montar
uma equipe Black Ops - SWAT da GFX para isso”, disse Munkowitz quando o
vídeo terminou.
No fim das contas, sua equipe da GFX — comunidade de desenvolvedores
gráficos — teve que lidar com 4 minutos adicionais de animações
holográficas, totalizando 12 minutos do filme.
Nascimento dos hologramas
Antes de tudo, um bom ambiente de trabalho precisou ser construído
para que os 12 minutos de filme que a equipe de Munkowitz criou
resultassem na qualidade que vimos na época e que nos impressiona até
hoje. Segundo ele, o pessoal dos hologramas nunca foi maior que cinco
integrantes, mas sete pessoas ao todo fizeram parte do grupo.
“Nós sentamos com Joe (diretor) e acertamos alguns detalhes. Ele foi
muito acessível nesse período e realmente ajudou a levar os gráficos ao
seu máximo potencial”, comenta Munkowitz. Ainda assim, ele conta também
que, quando o filme estava quase pronto, as coisas começaram a ficar
mais complicadas, talvez por conta do estresse coletivo.

O grande orgulho de Munkowitz
A cena em que Flynn conserta o braço “estragado” de Quorra é a
sequência preferida do líder da equipe dos hologramas de TRON. No filme,
o personagem de Bruce Boxleitner identifica a falha no “código
genético” da moça ISO e o elimina de lá. Entretanto, esse código
genético rendeu bastante trabalho e os resultados são o grande orgulho
de Munkowitz.
“O diretor queria que a representação do DNA de Quaorra fosse ‘bonito
com uma flor’, algo como nunca se tinha sido visto antes”, explica ele.
Depois disso, as dúvidas começaram a surgir: Como seria um DNA de um
ser de outro mundo? Como diabos iria Flynn atravessar o código da moça e
consertar o defeito?
Para ter uma inspiração e criar o holograma do DNA da moça, a equipe
precisou dar uma olha no trabalho do biólogo alemão Ernst Haeckel e
conferir as reproduções do código genético em forma de prisma que ele
fazia. Misturando isso com a estética do filme, surgiu enfim o que todos
queriam e surpreendeu a muitos.

O disco de Flynn
Outra grande tarefa que a equipe de Munkowitz recebeu foi a
representação dos dados do disco de Flynn quando Clu conseguiu capturar o
tal objeto. O vilão coloca o disco em um “renderizador” e extrai as
informações que precisa. Essas informações foram o trabalho da equipe
nessa cena. Eles estudaram diagramas de organização de discos rígidos e,
por fim, decidiram criar pequenas imagens para deixar a cena mais
natural.
Abertura do filme
Quando começa “TRON: o Legado”, você pode ver uma cena de abertura
que mostra as primeiras linhas da Grade criada por Flynn. Todo aquele
efeito foi, na verdade, obra de Munkowitz e sua turma. “A mais
desafiadora das cenas, em termos de pressão, foi de longe a abertura do
filme. Ainda assim, a cena que apresenta a grade no TRON original é uma
das minhas obras favoritas”, conta.
Depois de toda a estrutura criada, foi a vez de a animação entrar e
cena. Aí, o animador da equipe colocou o conteúdo no “Cinema 4D” e o
resultado foi um nível de detalhamento impressionante.

Por fim, Munkowitz fala também sobre sua inspiração na estética do
filme precursor e de como o plugin MoGraph ajudou na hora de deixar
todos os 12 minutos de animações holográficas com a cara do
longa-metragem.
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