Vamos ver o Mágico… o Maravilhoso Mágico de Oz
Posso apenas imaginar a pressão que Marc Webb sentiu ao criar uma nova origem para Peter Parker em “O Espetacular Homem-Aranha”. O herói já havia sido estabelecido nos cinemas e tinha um público cativo, e totalmente apaixonado. Recriar algo tão icônico sem dúvida lhe tirou muitas noites de sono.
Pensem então em como é revisitar a história de um filme que encantou milhões de pessoas por mais de setenta anos? O diretor Sam Raimi teve este atrevimento e decidiu nos contar uma história que antecede um dos mais idolatrados filmes de todos os tempos: “ Mágico de Oz”.
A intenção de Raimi era nos mostrar a história de como um homem comum e com pouquíssimas virtudes tornou-se o mais poderoso indivíduo de um espetacular e muitas vezes incompreensível mundo. Uma aposta arriscada, mas na qual ele se saiu muito bem.
“Oz – Mágico e Poderoso” é tudo que poderia ser e muito mais.
Aqui, conhecemos Oswald (James Franco) um ilusionista picareta que trabalha em um pequeno circo no Kansas. Seus shows não atraem muita gente, ele é um completo selvagem com os poucos que lhe são próximos e ludibria todas as mulheres que conhece.
Um dia, por sorte ou destino (e enquanto fugia do marido de um de seus casos) ele é pego por um furacão. Em meio ao pânico, jura que será uma pessoa melhor se sobreviver… E alguém leva a sério sua proposta e lhe dá uma chance de mudar.
Oswald vai parar na mágica Terra de Oz, onde é encarado como o salvador que foi previsto em uma lenda e que salvará a todos de uma terrível bruxa. Após conhecer as irmãs Evanora (Rachel Weisz) e Theodora (Mila Kunis) e de estas lhe prometerem seu próprio reino fotunas além da compreensão, o trapaceiro aceita a missão.
Assim, Oswald parte em uma jornada através de Oz, da mesma forma que Dorothy o fez. E assim como a menina, ele conhece diversos companheiros fantásticos durante a viagem, como o macaco voador Finley (Zach Braff) e a delicada Menina de Porcelana (Joey King). Além deles, Oswald conhece Glinda (Michelle Williams), uma terceira bruxa e passa a ver que talvez as coisas não sejam como parecem.
A história traz muitos dengos para os fãs de “O Mágico de Oz”, referências discretas a história original que com certeza abrirão um sorriso em todos os que se maravilharam com o conto de Dorothy. Menções ao Espantalho e ao Leão Covarde são bem claras, ms devo dizer que não percebi nenhuma passagem que mencionasse o Homem de Lata, o que é uma falha mínima mas notável na produção.
Felizmente, ela compensa em diversos outros aspectos.

James Franco não é o ator mais elogiado do mundo. Seu trabalho pode ser muito bom (“127 Horas”) ou passável (“Homem-Aranha”), depende apenas de sua motivação e boa vontade. Aqui ele faz um ótimo trabalho.
É difícil falar sem contar demais sobre o enredo, mas ele representa de forma bastante verossímil a viagem de redenção de seu protagonista. Oswald é um aproveitador, cínico, egoísta e mau-caráter e ao invés de simplesmente ter uma epifania e mudar de repente, o vemos utilizar sua astúcia e habilidades pouco elogiáveis para fazer algum bem a aqueles que o cercam. Ele não deixa de ser quem é, apenas acrescenta mais e melhores coisas a sua personalidade.
Franco não deu vida a diversos personagens, como Frank Morgan (intérprete de Oz na produção original) fez. Mas sem dúvida, ele assimilou muito bem o jeito extravagante e bufão que tornou-se uma marca registrada do “feiticeiro” ao longo dos anos.
O resto do elenco também está ótimo… Mas novamente, é difícil falar sem revelar demais sobre a história. Sobre Rachel Weisz e Mila Kunis, direi apenas que ambas convencem bastante quando estão na tela, principalmente Kunis.
Vocês entenderão quando virem.
Zach Braff é muito divertido como o falastrão macaco Finley. Uma vez que o personagem atua (ou pelo menos tenta) como a consciência de Oz, lhe são garantidos muitos ótimos diálogos e momentos na trama. A computação gráfica utilizada para dar vida ao personagem não é tão convincente quanto a que presenciamos em alguns “blockbusters” mais recentes, mas também não chega a incomodar.
Trabalho muito melhor foi feito com a delicada menina de porcelana. Joey King deu trejeitos muito naturais de uma criança a ela e é impossível não criar um xodó pela personagem em certos momentos, como quando ela pede colo a Oswald por estar com medo do trajeto por onde passam.
E Michelle Williams também tinha um trabalho duro pela frente, pois precisou dar vida a clássica bruxa Glinda, que foi interpretada por Billie Burke em “ Mágico de Oz”. Aqui, a boa feiticeira tem um papel muito maior que no longa original e a chance dela ser criticada é muito grande. Bem, devo dizer que ela fez um ótimo trabalho.
Não tenho nenhuma reclamação deste elenco, definitivamente.

“Oz – Mágico e Poderoso” é obviamente um espetáculo para os olhos. Com as atuais tecnologias de efeitos visuais, o diretor Sam Raimi não perdeu a chance de criar um mundo ainda mais colorido e fantástico do que aquele visitado poe Judy Garland.
Verdade seja dita, a Terra de Oz aqui mostrada tem mais a ver com produções de fantasia modernas do que com o clássico de 1939. Cada território por onde os personagens passam te um nome e características específicos, o que é uma característica que tornou-se conhecida graças a produções como “O Senhor dos Anéis” ou “As Crônicas de Nárnia”, que sempre fizeram questão de situar os espectadores dentro de seus mundos. Não chega a ser uma overdose sensorial no entanto, pois o foco nunca deixa de estar sobre os personagens e os efeitos apenas complementam aquilo que cada um é.
O filme de Sam Raimi também não chega nem perto de ser um musical. Não espere que a Menina de Porcelana vá se explodir (metaforicamente, claro) em uma canção a qualquer momento, pois não vai acontecer.
E serei muito sincero: Achei o 3D um pouco invasivo. Não sou grande fã desta tecnologia, mas quando ela é bem utilizada (como fizeram em “O Hobbit – Uma Jornada Inesperada”) posso desfrutar muito bem de sua existência. Mas quando itens aleatórios são arremessados em direção a câmera por motivo nenhum exceto fazer uso das três dimensões, fico extremamente incomodado.
Claro, pode não ser um problema para muita gente, mas eu não seria honesto se não tocasse neste assunto.

“Oz – Mágico e Poderoso” é uma ótima produção, que não apenas presta uma ótima homenagem a um amado clássico dos cinemas, como também funciona por mérito próprio. É uma delícia rever personagens que conhecemos desde nossa infância sob uma nova luz, bem como ter uma nova chance de visitar esta maravilhosa e mágica terra.
E quando for assistir, leve sua mãe. Ela vai adorar, confie em mim.

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