Ecologia para crianças.
Três anos depois de sua primeira aventura, Blu e seus amigos voltam ao cinema a tempo de mostrar mais um pouco do Brasil para o mundo às vésperas do momento que o país estará mais em destaque.
Levando a aventura para a Amazônia, “Rio 2” é uma continuação divertida que tem seus tropeços, mas que não fica sem assunto, especialmente para falar de ecologia.
Linda (no original, Leslie Mann) e Tulio (Rodrigo Santoro), em uma viagem à Amazônia, fazem uma descoberta incrível: Blu (Jesse Eisenberg) e Jade (Anne Hathaway) podem não ser as últimas Ararinhas Azuis do mundo. A descoberta chama a atenção do casal de pássaros, que junto de seus filhos e seus amigos seguem para encontrá-los. Chegando lá, Blu se depara com uma série de problemas: além do galante Roberto (Bruno Mars) amigável demais com Jade, passa a ter que se preocupar com o sogro Eduardo (Andy Garcia), que não gosta de seus hábitos da cidade.
Ao mesmo tempo, um grupo de madeireiros ilegais se preparam para deter Linda e Tulio, já que a descoberta dos pássaros acabaria com seus negócios. Alheio a tudo isso, a cacatua Nigel (Jemaine Clement), encontrando Blu e seus amigos, passa a colocar em prática um plano de vingança, nem que tenha que segui-lo até a Amazônia.
Se pareceu para você que muita coisa está acontecendo ao mesmo tempo, é porque realmente está. “Rio 2” aposta em diversos sub-enredos que se juntam no final, nem sempre necessariamente bem.
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Blu continua atrapalhado e diverte o público pelo seu jeito ingênuo. A vida na Amazônia é ainda mais hostil que o que ele viveu nas árvores do Rio de Janeiro, o que leva a diversas piadas com suas tentativas de adaptação, em especial quando ele insiste em levar por aí uma pochete.
Não espere grandes surpresas da história, que apesar de ter diversos conflitos, segue por caminhos bem óbvios. Quando vemos Blu ganhando um rival e tentando conquistar a simpatia do sogro, não é difícil de lembrarmos de inúmeros outros filmes e animações que já usaram enredos bem parecidos.
Ainda assim, alguns personagens novatos na franquia como seus filhos Carla (Rachel Crow), Bia (Amandia Stenberg) e Tiago (Pierce Gagnon) adicionam um pouco mais de variedade à fórmula e evitam que fiquemos saturados com o protagonista.
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A transição de ambiente não foi sem perdas: o buldogue Luiz quase não tem tempo de tela, e o menino Fernando aparece por meros segundos, apenas para sabermos como anda. De certo modo, cortar personagens até que foi uma decisão inteligente, já que, no geral, a animação sofre de um excesso de personagens.
Como se não bastasse Blu e Jade, mais seu trio de filhos, seu trio de amigos, mais os humanos Linda e Tulio, entram em cena o bandido madeireiro, Nigel e seus comparsas, Eduardo e as outras araras… e isso é simplificando a lista, já que não faltam personagens secundários nomeados. O resultado é que muitos dos personagens acabam simplórios ou servindo apenas de suporte para Blu. As crianças dificilmente vão se incomodar, mas não duvido que se percam na hora de lembrar de todos.
O trio de malandros Nico (Jamie Foxx), Pedro (will.i.am) e Rafael (George Lopez) tem um sub-enredo próprio, procurando uma atração para o carnaval, mas essa história tende a ser mais um alívio cômico para o enredo principal do que qualquer outra coisa. Não que não seja divertido – alguns dos melhores momentos são exatamente as interações dos secundários – mas elas pouco contribuem com o andamento da trama principal.
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Se no primeiro filme a ideia era mostrar o Rio com toda sua variedade, aqui o assunto vai além, permitindo, em ano de Copa do Mundo, que vários cenários do Brasil sejam explorados até que o grupo chegue à Amazônia.
Chegando lá, esqueça os traficantes de animais – agora a preocupação é mais ampla, tratando do desmatamento e de como isso afeta o meio-ambiente e, claro, os animais. Não há o lado “chato” do assunto, traduzindo tudo de uma maneira direta e clara para que a criançada possa entender: os vilões querem a madeira da floresta e nem se importam com os animais ou com os “eco-chatos” que possam atrapalhá-los. Simples, direto e sem ficar piegas, mas ao mesmo tempo tornando real e mostrando a preocupação que tantas campanhas de conscientização tentam passar.
A maior parte do humor vai agradar bem mais as crianças do que os adultos, e o enredo apela sempre que possível para a patetice de Blu ou outras tiradas simples. Nigel é cheio de um dramatismo exagerado, afetado, e várias piadas com Shakespeare que vão agradar os mais velhos. O tamanduá Carlitos é uma encarnação dos trejeitos de Charlie Chaplin que divertem quem quer que seja, mas que serão especiais para aqueles que já viram seus filmes.
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Em português, a dublagem continua com sua excelente qualidade, em especial nas músicas. Nossas versões são envolventes e ainda que não sejam necessariamente inesquecíveis, animam a platéia na hora do filme, em especial quando acompanhadas dos números de dança dos pássaros. O 3D acaba sendo de pouca valia, só garantindo algumas vantagens nos momentos musicais que trazem mais elementos em tela. Além das coreografias voadoras complexas, vemos flores, folhas e muito movimento que impressionam mesmo sem o efeito.
Se quiser se arriscar em uma das poucas sessões legendadas, poderá curtir o talento de vários nomes de Hollywood, mais uma música original cantada por Bruno Mars. Na dublagem nacional, sua canção ganhou uma versão adaptada, então se você é fã do músico provavelmente vai curtir mais ver em inglês.
Pode levar os pequenos sem medo, com certeza vão se divertir. Os adultos que curtem animações não terão muitas novidades em termos de humor ou enredo, então pode ser que esta não seja uma prioridade para muita gente.
Fonte:PoP