terça-feira, 30 de setembro de 2014

“Pulp Fiction” faz 20 anos e continua impressionante

Pulp Fiction
Em 1994 Quentin Tarantino ainda era um ilustre desconhecido para a maioria das pessoas. Sua estreia na direção com “Cães de Aluguel” chamou alguma atenção de cinéfilos e crítica em 92 e o roteiro para “Amor à Queima Roupa” fez algum sucesso quando lançado no ano seguinte, dirigido por Tony Scott (1944 – 2012). Mas foi com “Pulp Fiction: Tempo de Violência”, seu segundo filme como diretor, que ele foi alçado ao status de gênio de sua arte.
Boa parte dos elementos que se tornaram comuns no trabalho de Tarantino estão ali: a exploração gráfica da violência, a narrativa não-linear, a trilha sonora bacanuda, os diálogos bem trabalhados, recheados de referências-pop-filosóficas, citações diretas à obras de cineastas clássicos, a presença marcante de Samuel L. Jackson e os pés de Uma Thurman.
Na base, “Pulp Fiction” é uma declaração de amor à Nova Hollywood e os cineastas dos anos 70 e tudo o que vem depois. Da mesma forma como os jovens cineastas da época, Martin Scorsese, Roman Polansky e Brian De Palma, para ficar em alguns, se apoiaram nos ombros do cinema B da grande era dos estúdios para resgatar as tramas detetivescas do film noir e os filmes de máfia, Tarantino retoma justamente esses trabalhos, dando uma roupagem pop-noventista para eles.
E tudo é consciente em um nível ainda hoje pouco visto. Tome por exemplo a forma como morre Vincent Vega, o personagem de John Travolta. Ele é morto, de calças arriadas no banheiro, por Butch Coolidge, vivido por Bruce Willis. É o herói de ação dos anos 80 matando o dançarino piadista dos anos 70. Isso só para ficar em um exemplo mais óbvio.
Ao mesmo tempo, Tarantino foi muito esperto ao incluir no filme uma série de detalhes que, ainda hoje, são tema de debate. Repetir sobrenomes dos personagens dos seus filmes anteriores, usar a mesma maleta com diamantes de “Cães de Aluguel” (mas sem mostrar o que era, fazendo as pessoas, por anos, acharem que o que havia ali dentro era a alma de Marcelus Wallace, o grande mafioso da trama), ou criar um ambiente ultra realista e incluir um evento surreal.
Depois disso, Tarantino já se reinventou algumas vezes. Todas elas, sem tirar o pé de seu território de referências pop, violência e pés de mulheres bonitas – o que quer dizer que ele ainda não dirigiu uma comédia romântica. Sempre mergulhando no cinema de gênero e emergindo dali com algo completamente novo. É possível que os fãs gostem mais de um ou outro trabalho seu, mas do ponto de vista cinematográfico, ele ainda está para superar seu “Pulp Fiction”.

Fonte:PoP

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